A revista ‘Época’ fez uma entrevista com Edith Modesto, 71 anos, fundadora da ONG Grupo de Pais de Homossexuais. Na entrevista, ela conta que, apesar das conquistas da militância GLBT, quando o tema da diversidade sexual surge entre quatro paredes, a situação é mais difícil. Temas relacionados:
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5341626370088698562" />Há quinze anos, a filósofa e professora da USP a paulista Edith Modesto descobriu que um de seus sete filhos era gay. Entrou em desespero e começou a se informar sobre homossexualidade. Nesse processo de aceitação, Edith percebeu a dificuldade dos pais em aceitar ter um filho homossexual. Resolveu, então, criar uma ONG, o ‘Grupo de Pais de Homossexuais’, que atende homens e mulheres que sofrem e têm dúvidas em relação à homossexualidade de seus filhos - um trabalho único no Brasil.
Apesar dos avanços sociais no tema diversidade sexual, quando o assunto entra nos lares, tudo muda de figura: as mães negam, têm culpa, ficam perdidas. Mulheres que durante a vida tiveram amigos íntimos homossexuais e um dia, ao se deparar com um filho gay, enlouquecem, não aceitam. Adoecem e algumas até pensam em suicídio. Não entendem. Homossexuais são vistos nas novelas, o assunto diversidade sexual não é mais um tabu, mas dentro de casa tudo muda. Dentro de casa avançou menos. O preconceito está enraizado em todos nós, de alguma forma. Homossexuais ainda são expulsos de casa, e aqueles pais que mantêm o filho em casa, não aceitam a sua homossexualidade.
id="BLOGGER_PHOTO_ID_5341627469648627250" />Pais e mães reagem de forma diferente. A mulher é mais afetiva, mais compreensiva. Os homens são mais frios, mais machistas - embora as mulheres também sejam. Quando se sabe que um filho é homossexual, a reação de ambos é ruim. Porém os homens tendem a atitudes mais agressivas ou se isolam do problema, enquanto que as mulheres enfrentam a questão que mais se aproxima de uma aceitação. Para os pais é mais difícil ter um filho gay do que uma filha lésbica. O pai quer que o filho seja seu espelho, quer a continuidade da linhagem. Se a filha é lésbica, para os pais é mais 'disfarçável', já que ela pode ter amigas, demonstrar afeto, dormir juntas. Se o rapaz pega na mão do amigo, o mundo cai.
Os pais dos homossexuais passam por fases quando descobrem a homossexualidade de seus filhos. Todas as pessoas do mundo foram criadas e se prepararam para ter filhos heterossexuais. Ninguém foi preparado para ter filho gay. Então, a fase da descoberta é cercada, para a grande maioria, de culpa e negação. Muitos acreditam que se trata de algum problema psicológico, de uma fase de experimentação ou mesmo de safadeza. Tentam mostrar ao filho que existe um caminho melhor, o que aumenta o sofrimento para todos. Outros entram logo na fase de tentar saber tudo sobre gays e lésbicas. Querem entender. Entender para tentar aceitar. Passam a ler tudo. Principalmente as mães por serem ainda levadas pela vertente da psicologia que diz que a culpa é sempre da mãe.
Autora dos livros ‘Vidas em Arco-Íris’ e ‘Mãe Sempre Sabe?’, na ONG ‘Grupo de Pais de Homossexuais’ que criou Edith já foi até procurada por uma psicanalista especialista em sexualidade ao descobrir que a filha é lésbica. Em outro caso, a diretora de uma escola a procurou, contando que um menino de 13 anos estava apanhando na escola e em casa, por mostrar traços de homossexualidade. Até mães evangélicas, que acreditavam que o filho estivesse com o diabo no corpo, também foram acalmadas.
O trabalho da ONG é baseado na solidariedade, não se julga e nem se faz militância. São as mães que mais procuram a ONG, pais são mais raros. Não é fácil ser diferente. Não é fácil ver um filho sofrer por ser homossexual. (fonte: revista Época - entrevista de edith macedo concedida à jornalista martha mendonça)
GPH - Grupo de Pais de Homossexuais
a homossexualidade no decorrer da histór
divulgando organizações e ongs