Terça-feira, 31 de Março de 2009

Engana-se quem pensa que na indústria cinematográfica o papel da mulher limitou-se apenas ao estrelato ou ao de escritora-roteirista. E que, somente recentemente, é notória a presença do ‘sexo frágil’ na direção e na produção da sétima arte, como no caso de Sofia Coppola, cineasta estadunidense, filha do também cineasta Francis Ford Coppola e prima do ator Nicolas Cage; ou Lucia Puenzo, diretora e roteirista argentina do seu primeiro filme XXY, citado no post anterior ou ainda, as brasileiras Tizuka Iamazaki e Carla Camurati.

Surpreendentemente, até 1920, na época do cinema mudo, existiram mais diretoras, produtoras e proprietárias de estúdio que em qualquer outra época na história do cinema, inclusive nos dias de hoje. A maioria dos atores eram mulheres, algumas delas com as suas próprias produtoras de filmes. E com mais da metade de escritores-roteiristas sendo mulheres, pode-se dizer que elas controlaram a indústria de filmes.


É quase inexistente material bibliográfico sobre este assunto. Diretoras e produtoras menos conhecidas nessa época são apenas citadas. Nomes como: Nell Shipman, Elizabeth Pickett, Marguerite Bertsch, Lule Warrenton, Ruth Stonehouse, Margery Wilson, Ida May Park. Outras, consideradas mais importantes, são citadas em material considerável. São elas: Alice Guy-Blaché, Lois Weber, Dorothy Arzner, Ida Lupino e a roteirista Francis Marion.

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Alice Guy-Blaché, foi uma das principais representantes desse período. Francesa, foi a primeira diretora de filmes da história, que chegou a dirigir, produzir e/ou supervisionar cerca de 300 filmes em sua vida. Ela aparece também, causando controvérsias, como a verdadeira criadora da narrativa para o cinema. Não teríamos então Georges Méliès como o pai da narrativa no cinema, e sim Alice Guy, já que seu primeiro filme ‘La Fee aux Choux’ de 1896, foi realizado alguns meses antes do filme de Méliès. Alice Guy começou sua carreira no cinema quase que ao acaso. No final do século XIX, trabalhando como secretária, depois passou a produzir pequenos filmes.

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5319525896459313122" />Lois Weber foi outra figura feminina no cinema, foi uma das muitas diretoras empregadas pela ‘Universal’ nos clássicos anos de Hollywood de 1910 e 1920. Lois Weber foi a primeira mulher a produzir, dirigir, estrelar e co-escrever um filme de um grande estúdio. Chegou, em alguns anos, a ser ‘o diretor’ mais bem pago no cinema mudo. Weber estava totalmente convencida que o cinema era um instrumento para o aprimoramento da moral e cidadania, uma das poucas verdadeiramente idealistas no cinema.

Seus filmes eram focados nos problemas sociais que a mulher e a sociedade enfrentavam na época. Aborto, controle de natalidade, racismo, pena de morte, prostituição e promiscuidade eram tratados por ela com firmeza em face das inevitáveis controvérsias inflamadas por seus filmes. Assim, Weber prosseguia com seus ‘filmes missionários’, como ela própria os chamava, e conseguia sucesso, sem exploração. Mas no começo dos anos 20, os filmes de Weber começaram a fracassar nas bilheterias. Terminou sua carreira trabalhando como consultora de roteiros para a Universal na década de 30.

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5319526215816723730" />Dorothy Arzner, já homenageada por mim (saiba mais sobre ela clicando aqui), foi única mulher, e assumidamente lésbica, a trabalhar como diretora nos tempos áureos dos grandes estúdios. Dorothy Arzner começou sua carreira em 1922, inicialmente como montadora, passando logo a roteirista e, enfim, diretora. Dirigiu aproximadamente 18 filmes, entre 1927 e 1943. Dorothy Arzner, além de ter introduzido o microfone boom (o de teto), em seu último filme, de 1943, fez propaganda anti-nazista. Conseguiu com muita dificuldade manter-se na indústria, numa época onde só homens trabalhavam como diretores.

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5319526519037061122" />Francis Marion foi uma das maiores escritoras-roteiristas de Hollywood que entre as décadas de 10 a 50, escreveu pelo menos 136 roteiros que chegaram a ser produzidos, passando sem esforço pela transição do cinema mudo para o falado. Esses números se comparados com os atuais, mostram que hoje em dia é uma raridade encontrar roteiristas com pelo menos dez roteiros de filmes produzidos e finalizados. Marion iniciou sua carreira de roteirista em 1916 em uma produção com Mary Pickford que torna-se sua companheira de filmes. Marion trabalhou com quase todos os principais diretores do cinema mudo, além de escrever filmes para as principais estrelas da época. Muitos dos filmes de Marion eram de gangsters e tiroteios, a antítese dos '’filmes de mulheres’. Talvez essa fosse a receita de seu sucesso nos grandes estúdios onde conseguiu manter-se durante um bom tempo.

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5319526847308077458" />Ida Lupino foi uma das mais produtivas diretoras de todos os tempos. Entre 1949 e 1954, dirigiu seis filmes em sua própria companhia, enquanto atuava em outros sete filmes dirigidos por outros. Como a pioneira Lois Weber, Lupino usava assuntos polêmicos, de consciência social que resultavam em temas para seus filmes como: estupros, bigamia, paralisia infantil, mães solteiras. Mas, diferentemente de Weber, Lupino era antes de tudo uma ‘entertainer’ e não uma pregadora. E por trabalhar também como atriz, Lupino sabia atuar, literalmente, do outro lado. Depois de 1954, Ida Lupino trabalhou somente em seriados de televisão, seja como diretora, produtora ou atriz. Seriados como ‘O Fugitivo’, ‘Perdidos no Espaço’, ‘Os Intocáveis’, entre muitos outros passaram por suas mãos e, não leve um susto, se ao rever alguns clássicos da TV, como ‘Batman’ ou ‘As Panteras’, a convidada especial for Ida Lupino.



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dorothy arzner



publicado por star às 22:07 | link do post | comentar | ver comentários (1)

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